A presente pesquisa, de natureza exploratória, visa a indagar as relações de poder em um contexto de aprendizagem particular: o teletandem. O teletandem é uma forma de trabalho colaborativo em dupla, para fins de aprendizagem de duas línguas estrangeiras, entre dois parceiros falantes competentes de línguas diversas, que aprendem a língua um do outro e se encontram regularmente on-line, realizando sessões nas duas línguas por chat escrito, áudio e vídeo, de forma independente ou integrada em um currículo institucional. Seus principios fundamentais são reciprocidade e autonomia. A pesquisa está embasada na análise qualitativa de quinze entrevistas semi-estruturadas referentes a sete duplas de teletandem e a uma dupla de tandem presencial. Indaga três aspectos das relações de poder neste contexto de aprendizagem: (a) pontos de trânsito do poder; (b) bases do poder; (c) dinâmicas de poder. Considera o poder como propriedade dinâmica de relações e não como propriedade estável de pessoas: adota uma visão relacional, excluindo as visões essencialistas. Dentro destes limites, define o poder na maneira mais ampla possível: fazendo referência a conceitos trans-disciplinares, de diversas ciências sociais, enfoca tanto o poder potencial quanto o exercido, tanto o poder ciente quanto o inconsciente, tanto o poder intencional quanto o não intencional, tanto o poder do agente quanto o poder estrutural, tanto as formas de poder implícitas quanto as explícitas; considera o poder não apenas como negativo, mas também como produtivo. O estudo operacionaliza o poder com referência às três dimensões clássicas, representadas pelos comportamentos, interesses e formas de pensar, e também com referência à definição do poder em termos de limitação de leque de escolhas. Interpreta os dados com referência às teorias acerca das fontes do poder (Psicologia Social), da troca social (Sociologia Política) e da acomodação na comunicação (Linguística). Os resultados da análise indicam oito pontos de trânsito do poder nas parcerias pesquisadas: dentre estes, são em maior destaque o comparecimento on-line, o que fazer nas sessões, as estratégias didáticas, o gerenciamento das sessões, os tópicos de conversação, as variantes linguísticas. Aparecem em menor destaque o equilíbrio de línguas e o poder externo e estrutural. As fontes do poder em destaque são a fonte de recompensa, a de experiência, a de legitimidade embasada na posição agente/alvo, a de legitimidade embasada na dependência. Aparecem em menor destaque a fonte de informação e a fonte de referência e não aparecem as fontes de coerção e de reciprocidade. As dinâmicas de poder evidenciadas são compatíveis com a teoria da troca social e a teoria da acomodação. Os resultados mostram: (a) que se realiza uma convergência de atividades nas duas partes da sessão; (b) que o papel assumido nas relações de poder é independente das línguas e papéis momentaneamente exercidos (de aprendiz ou falante competente); (c) uma prevalência do aspecto relacional sobre o didático; (d) uma prevalência do princípio de reciprocidade sobre o princípio de autonomia; (e) que os parceiros tendem a encarar o teletandem como uma troca social.
Relações de poder em parcerias de teletandem(2010 Mar 01).
Relações de poder em parcerias de teletandem
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2010-03-01
Abstract
A presente pesquisa, de natureza exploratória, visa a indagar as relações de poder em um contexto de aprendizagem particular: o teletandem. O teletandem é uma forma de trabalho colaborativo em dupla, para fins de aprendizagem de duas línguas estrangeiras, entre dois parceiros falantes competentes de línguas diversas, que aprendem a língua um do outro e se encontram regularmente on-line, realizando sessões nas duas línguas por chat escrito, áudio e vídeo, de forma independente ou integrada em um currículo institucional. Seus principios fundamentais são reciprocidade e autonomia. A pesquisa está embasada na análise qualitativa de quinze entrevistas semi-estruturadas referentes a sete duplas de teletandem e a uma dupla de tandem presencial. Indaga três aspectos das relações de poder neste contexto de aprendizagem: (a) pontos de trânsito do poder; (b) bases do poder; (c) dinâmicas de poder. Considera o poder como propriedade dinâmica de relações e não como propriedade estável de pessoas: adota uma visão relacional, excluindo as visões essencialistas. Dentro destes limites, define o poder na maneira mais ampla possível: fazendo referência a conceitos trans-disciplinares, de diversas ciências sociais, enfoca tanto o poder potencial quanto o exercido, tanto o poder ciente quanto o inconsciente, tanto o poder intencional quanto o não intencional, tanto o poder do agente quanto o poder estrutural, tanto as formas de poder implícitas quanto as explícitas; considera o poder não apenas como negativo, mas também como produtivo. O estudo operacionaliza o poder com referência às três dimensões clássicas, representadas pelos comportamentos, interesses e formas de pensar, e também com referência à definição do poder em termos de limitação de leque de escolhas. Interpreta os dados com referência às teorias acerca das fontes do poder (Psicologia Social), da troca social (Sociologia Política) e da acomodação na comunicação (Linguística). Os resultados da análise indicam oito pontos de trânsito do poder nas parcerias pesquisadas: dentre estes, são em maior destaque o comparecimento on-line, o que fazer nas sessões, as estratégias didáticas, o gerenciamento das sessões, os tópicos de conversação, as variantes linguísticas. Aparecem em menor destaque o equilíbrio de línguas e o poder externo e estrutural. As fontes do poder em destaque são a fonte de recompensa, a de experiência, a de legitimidade embasada na posição agente/alvo, a de legitimidade embasada na dependência. Aparecem em menor destaque a fonte de informação e a fonte de referência e não aparecem as fontes de coerção e de reciprocidade. As dinâmicas de poder evidenciadas são compatíveis com a teoria da troca social e a teoria da acomodação. Os resultados mostram: (a) que se realiza uma convergência de atividades nas duas partes da sessão; (b) que o papel assumido nas relações de poder é independente das línguas e papéis momentaneamente exercidos (de aprendiz ou falante competente); (c) uma prevalência do aspecto relacional sobre o didático; (d) uma prevalência do princípio de reciprocidade sobre o princípio de autonomia; (e) que os parceiros tendem a encarar o teletandem como uma troca social.File | Dimensione | Formato | |
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Descrizione: tesi dottorato Vassallo 2010 - relazioni di potere nel teletandem
Tipologia:
Tesi di dottorato
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